Norma nº 038/2011
Ecodoppler no Contexto da Realização de Exames Ecográficos
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A utilização do ecodoppler no contexto da realização de um exame ecográfico pode destinar-se a:
- Aumentar a segurança do operador (“aplicações ultrassonográficas”);
- Obter um benefício diagnóstico para o doente (“aplicações clínicas”).
A presente Norma destina-se exclusivamente às situações incluídas na alínea b) do número anterior.
A realização de um ecodoppler durante uma ecografia deve ser feita desde que haja:
- Garantia de que se dispõe de equipamento adequado;
- Sistema de registo apropriado;
- Competência para a sua realização.
No decurso da realização de uma ecografia abdominal deve ser necessário recorrer ao ecodoppler nas seguintes circunstâncias:
- Suspeita de invasão vascular por tumor primário maligno;
- Descoberta de esplenomegália/ascite/circulação colateral, que sugiram hipertensão portal;
- Suspeita de trombose da veia porta;
- Suspeita de cavernoma da veia porta;
- Suspeita de trombose da veia esplénica;
- Suspeita de trombose da veia mesentérica;
- Suspeita de doença veno‐oclusiva e síndrome de Budd‐Chiari;
- Para diferenciar a artéria hepática ou a veia porta das vias biliares;
- Espessamentos da parede da vesícula biliar, para avaliar a presença de varizes da sua parede;
- Presença e direção do fluxo na artéria e veia esplénica;
- Estadiamento de tumores renais;
- Avaliação de aneurismas, da aorta abdominal e viscerais e dissecção da aorta;
- Avaliação pré-transplante hepático;
- Identificação de doença hepática crónica, para pesquisa de vasos colaterais portosistémicos e definição de um padrão de “shunting” para cada doente (doentes com risco aumentado de hemorragia versus doentes com risco de encefalopatia).
No decurso de uma ecografia orbitária, pode ser necessário recorrer ao ecodoppler nas seguintes circunstâncias:
- Para caracterização de tumores orbitários, nomeadamente o diagnóstico diferencial entre melanoma da coroideia e outras lesões sólidas;
- Suspeita de persistência do vítreo ou doença de Coats.
No decurso de uma ecografia escrotal deve ser realizado ecodoppler sempre que se detetem:
- Anomalias difusas, que sugiram anomalias de perfusão, nomeadamente na suspeita de torsão do testículo, processo inflamatório ou traumatismo recente;
- Lesões focais sólidas;
- Diferenciação de torsão testicular versus orquite/epididimite;
- Pesquisa de varicocelos.
No decurso de uma ecografia tiroideia pode ser realizado ecodoppler, sempre que se suspeite de Doença de Graves ou de tireotoxicose induzida pela amiodarona.
No decurso de uma ecografia ginecológica pode ser necessário recorrer ao ecodoppler para avaliar:
- Vascularização na suspeita de torsão do ovário;
- Perdas hemáticas anómalas pós‐parto ou gravidez interrompida.
No decurso de uma ecografia músculo‐esquelética pode ser necessário recorrer ao ecodoppler nas seguintes circunstâncias:
- Avaliar o grau de inflamação em artrites (nomeadamente metacarpo‐falangicas na artrite reumatoide) e bursites;
- Caracterização de massas de tecidos moles.
A execução de ecodoppler no decurso da realização de ecografia em doentes transplantados, renais ou hepáticos, deve ser feita em meio hospitalar por profissionais com experiência específica. Tem que se garantir que, no período precoce após transplante e estabilização clínica, habitualmente até 6 a 12 meses, sejam assegurados os seguintes princípios:
- O doente seja seguido pela unidade em que foi transplantado;
- Quando tal não acontecer por razões excecionais, o doente deverá ser acompanhado por médico com formação específica em transplantação. Esse médico tem que se articular com a unidade em que o doente foi transplantado;
- A realização de ecografias, executadas fora do contexto hospitalar a doentes transplantados têm um caráter excecional e são de evitar;
- Sempre que se detetem quaisquer alterações no decurso de ecografias ou de outros exames imagiológicos realizados fora do contexto das unidades de transplantação os doentes devem ser imediatamente referenciados à unidade hospitalar onde habitualmente são seguidos.
No decurso da realização da ecografia, carece de evidência científica e de valor acrescentado para o diagnóstico, a realização de ecodoppler nas seguintes situações clínicas ou órgãos:
- Diagnóstico diferencial de nódulos tiroideus;
- Diagnóstico diferencial de massas anexiais ou estudo do fluxo nas artérias uterinas;
- Mama;
- Artérias temporais superficiais;
- Próstata.
As exceções à presente Norma são fundamentadas clinicamente, com registo no processo clínico.
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