Norma nº 039/2011 atualizada a 26/12/2012
Prescrição de Exames Laboratoriais para Avaliação e Monitorização da Função Tiroideia
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- As indicações para avaliação laboratorial da função tiroideia são as seguintes:
- Doentes com bócios e indivíduos com nódulos da tiroide não palpáveis detetados por métodos de imagem, nomeadamente ecografia (Nível de evidência C, grau de recomendação I);
- Doentes com quadro clínico sugestivo de hipotiroidismo ou de hipertiroidismo (Nível de evidência B, grau de recomendação I);
- Doentes tiroidectomizados ou submetidos a irradiação cervical (Nível de evidência B, grau de recomendação I);
- Doentes sob medicação suscetível de alterar a função tiroideia, nomeadamente
amiodarona ou outros produtos contendo iodo, lítio, inibidores da cinase da tirosina, interferão (Nível de evidência C, grau de recomendação I);
- Doentes com patologia hipotálamo-hipofisária (Nível de evidência B, grau de recomendação I);
- Doentes com hipotiroidismo congénito (Nível de evidência B, grau de recomendação I);
- Crianças com atraso de crescimento (Nível de evidência C, grau de recomendação I);
- Doentes com anemia de causa inexplicada, hipercolesterolémia, variações ponderais, doenças autoimunes, arritmias, osteoporose, irregularidades menstruais, infertilidade (Nível de evidência C, grau de recomendação IIa);
- Mulheres grávidas que apresentem alto risco de desenvolverem doenças da tiroide, como bócio, ou tenham antecedentes de disfunção tiroideia, clínica sugestiva de disfunção tiroideia, tiroidectomia prévia, história familiar de doença tiroideia, anticorpos antitiroideus elevados, diabetes tipo 1 ou outras doenças autoimunes, irradiação cervical e abortos de repetição (Nível de evidência B, grau de recomendação I);
- Em doentes hospitalizados não se deve efetuar a avaliação da função tiroideia por rotina, exceto se existir indicação clínica específica (Nível de evidência B, grau de recomendação IIb).
- Exames laboratoriais, para avaliação da função tiroideia:
- A avaliação da função tiroideia é realizada pelo doseamento de TSH juntamente com a T4L. Em casos complexos (maior dificuldade diagnóstica ou maior gravidade clínica) avalia-se com a determinação da TSH, T4L e T3 (Nível de evidência C, grau de recomendação I);
- A determinação dos anticorpos antiperoxidase (ATPO) e antitiroglobulina (ATg) pode ser efetuada nas situações de hipotiroidismo primário, quando se suspeita de causa autoimune, (Nível de evidência B, grau de recomendação I);
- A determinação dos anticorpos antirrecetor da TSH (TRAb) pode ser realizada nas situações de hipertiroidismo (Nível de evidência B, grau de recomendação I). Os anticorpos ATg e ATPO podem, eventualmente, ser determinados nestas situações (Nível de evidência B, grau de recomendação IIa);
- O doseamento de tiroglobulina não está indicado na avaliação diagnóstica dos nódulos da tiroide (Nível de evidência B, grau de recomendação III), estando reservado ao seguimento pós-tiroidectomia dos doentes com carcinomas da tiroide de origem folicular ou com tumores foliculares de potencial maligno incerto. Nestes casos pode associar-se a determinação dos ATg para uma correta interpretação dos valores da tiroglobulina (Nível de evidência C, grau de recomendação I);
- O doseamento de calcitonina, está recomendado quando existir uma suspeita clínica de carcinoma medular da tiroide ou em indivíduos pertencentes a famílias com carcinoma medular da tiroide (sobretudo se portadores de mutação no oncogene RET). Está também recomendado no seguimento dos doentes com este tipo de neoplasias (Nível de evidência B, grau de recomendação I);
- A sensibilidade funcional do teste para determinação da TSH deve ser < 0,02 mU/L (Nível de evidência B, grau de recomendação IIa).
- Monitorização do hipotiroidismo:
- Os doentes com hipotiroidismo subclínico não medicado devem avaliar a TSH cada 6 a 12 meses (Nível de evidência B, grau de recomendação I);
- No hipotiroidismo primário deve determinar-se a TSH e a T4L 4 a 6 semanas após o início da medicação com L-tiroxina (Nível de evidência C, grau de recomendação IIa), cada 8 semanas após alteração na dose terapêutica e, posteriormente, quando se atingir a estabilidade, deve fazer-se apenas a determinação anual da TSH (Nível de evidência B, grau de recomendação IIa). Nos casos complexos pedir também T3. (Nível de evidência C, grau de recomendação IIa);
- No seguimento do hipotiroidismo primário sob medicação substitutiva com L-tiroxina não está recomendada a determinação de ATPO e/ou ATg (Nível de evidência C, grau de recomendação IIb), excetuando-se os casos de carcinoma da tiroide de origem folicular em que a determinação de ATg pode ser realizada no seguimento pós-tiroidectomia (Nível de evidência C, grau de recomendação IIa);
- No hipotiroidismo secundário (causa hipotálamo-hipofisária) sob medicação substitutiva com L-tiroxina, a monitorização da função tiroideia é efetuada com T4L (Nível de evidência B, grau de recomendação I) e/ou T3 (Nível de evidência C, grau de recomendação IIa);
- A monitorização terapêutica do hipotiroidismo congénito é efetuada com a determinação da TSH e T4L (Nível de evidência B, grau de recomendação I);
- Se houver substituição da especialidade farmacêutica da levotiroxina, deve ser feita uma avaliação da função tiroideia (TSH no hipotiroidismo primário; T4L e/ou T3 no hipotiroidismo secundário) passadas 8 semanas, de forma a determinar a eventual necessidade de um ajuste da dose terapêutica (Nível de evidência C, grau de recomendação IIa).
- Monitorização do hipertiroidismo:
- No hipertiroidismo subclínico não medicado determina-se a TSH juntamente com a T4L cada 6-12 meses (Nível de evidência B, grau de recomendação IIa);
- Durante o tratamento com antitiroideus de síntese, a monitorização terapêutica é efetuada com T4L e TSH cada 4 a 6 semanas até atingir o eutiroidismo e posteriormente cada 12 semanas (Nível de evidência B, grau de recomendação IIa);
- A determinação do TRAb pode solicitar-se no hipertiroidismo autoimune quando se pondera suspender a terapêutica com antitiroideus de síntese ((Nível de evidência B, grau de recomendação IIa). A determinação dos anticorpos ATg e ATPO não está indicada nesta situação (Nível de evidência B, grau de recomendação IIb);
- Em doentes com hipertiroidismo submetidos a terapêutica com iodo radioativo, a avaliação da função tiroideia é efetuada com a determinação da TSH e T4L (Nível de evidência B, grau de recomendação IIa) realizada 4 a 8 semanas pós-terapêutica, seguidos de 3 meses a um ano e, posteriormente, anualmente (Nível de evidência B, grau de recomendação I).
- Situações específicas:
- Doentes tiroidectomizados por carcinoma da tiroide de origem folicular: nestes casos pretende-se manter a TSH suprimida e a avaliação da função tiroideia é realizada com a determinação da TSH e T4L ou da TSH e T3 (Nível de evidência C, grau de recomendação I);
- Doentes submetidos a irradiação do pescoço: a monitorização da função tiroideia é efetuada com TSH cada 12 meses (Nível de evidência B, grau de recomendação I);
- Doentes sob fármacos que podem afetar a função tiroideia: a monitorização da função tiroideia é efetuada com TSH e T4L. No caso da amiodarona a monitorização deve efetuar-se de 6 em 6 meses e no caso do lítio de 12 em 12 meses. Com os inibidores da cinase da tirosina ou interferão, entre 1 a 3 meses após o início da terapêutica e, posteriormente, em intervalos de 6 meses (Nível de evidência C, grau de recomendação IIa);
- Na confirmação do diagnóstico de hipotiroidismo congénito deve ser determinada a TSH e T4L, no recém-nascido e na mãe e TRAb na mãe (Nível de evidência B, grau de recomendação I).
- O algoritmo clínico/árvore de decisão referente à presente Norma encontra-se no Anexo I. Nas situações em que a conjugação de resultados de TSH e T4L não se encontra no algoritmo (p.ex. no hipo e hipertiroidismos secundários), os doentes deverão ser referenciados para centros endocrinológicos especializados.
- As exceções à presente Norma são fundamentadas clinicamente, com registo no processo clínico.
- A presente Norma, atualizada com os contributos recebidos durante a discussão pública, revoga a versão de 30/09/2011 e será atualizada sempre que a evolução da evidência científica assim o determine.
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