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Norma nº 020/2012

Diagnóstico e Tratamento da Amigdalite Aguda na Idade Pediátrica

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  1. O diagnóstico etiológico da amigdalite aguda (AA), na idade pediátrica, não pode ser baseado exclusivamente na epidemiologia e manifestações clínicas, exceto na presença de clínica fortemente sugestiva de AA de etiologia vírica ou na presença de exantema típico de escarlatina, indicando etiologia estreptocócica (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação III).

  2. A confirmação microbiológica no diagnóstico da AA por Streptococcus do grupo A (SGA) está recomendada na idade pediátrica (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I).

  3. Nas crianças e adolescentes, o teste diagnóstico antigénico rápido (TDAR) e/ou a cultura da orofaringe do SGA devem ser realizados, antes do início da antibioterapia, por profissionais de saúde treinados e experientes, com o objetivo de aumentar a sensibilidade dos testes. (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).

  4. O TDAR do SGA:

    1. deve ser realizado nas crianças e adolescentes com epidemiologia e sinais/sintomas sugestivos de AA por SGA (quadro 2 do anexo II) (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I);
    2. não é recomendado nas crianças e adolescentes com AA com epidemiologia e manifestações clínicas fortemente sugestivas de infeção vírica (rinorreia, tosse, rouquidão, ulceras orais ou diarreia) (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação III);
    3. não é recomendado nas crianças com AA com idade inferior a três anos, exceto no subgrupo de crianças com contacto próximo com infeção confirmada por SGA (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação III).
  5. Nas crianças e nos adolescentes um resultado do teste TDAR:

    1. positivo - não precisa ser confirmado por cultura da orofaringe, dada a sua elevada especificidade. Um resultado positivo no TDAR é considerado diagnóstico de AA por SGA nas crianças e/ou adolescentes sintomáticos (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I);
    2. negativo – permite excluir o diagnóstico de AA por SGA, caso o teste apresente elevada sensibilidade (>90%) (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação IIb).
  6. A cultura da orofaringe do SGA é recomendada nas crianças e adolescentes com epidemiologia e manifestações clínicas sugestivas de AA por SGA e presença de uma ou mais das seguintes situações (quadro 3 do anexo II):

    1. TDAR não disponível (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I);
    2. TDAR negativo e baixa sensibilidade do teste confirmada na prática clínica (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I);
    3. TDAR negativo e contacto com infeção confirmada por SGA (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação IIa);
    4. TDAR negativo e história pessoal ou familiar de febre reumática aguda (FRA) ou glomerulonefrite pós-estreptocócica (GNPE) ou choque tóxico estreptocócico (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação IIa);
    5. no doente com hipersensibilidade tipo I aos β-lactâmicos, de forma a permitir a realização do antibiograma (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação IIb).
  7. Títulos de anticorpos antiestreptocócicos não estão recomendados no diagnóstico de rotina da AA por SGA (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação III).

  8. O hemograma e os marcadores inflamatórios (incluindo a proteína C reativa e a velocidade de sedimentação) não devem ser usados no diagnóstico da AA por SGA (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação IIb).

  9. O paracetamol ou o ibuprofeno são recomendados no alivio da dor e/ou febre, nas crianças e adolescentes sintomáticos com AA independentemente da etiologia e do uso de antibióticos (quadro 4 do anexo II) (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I).

  10. A antibioticoterapia (quadro 6 do anexo II):

    1. é obrigatória em todas as crianças ou adolescentes sintomáticos com AA por SGA confirmada por TDAR e/ou cultura (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I).
    2. de primeira linha na AA por SGA, em idade pediátrica, é a amoxicilina na dose de 50 mg/Kg/dia (máximo 1 grama/dia), administrada de 12 em 12 horas por via oral, durante 10 dias ou a penicilina G benzatínica, administrada por via intramuscular em dose única de 50.000 unidades (U) por Kg (ou 600.000 U, se peso <27 kg e 1.200.000 U, se peso ≥27 kg), nos casos com baixa adesão, intolerância à terapêutica oral ou quando não é expectável que a criança cumpra a totalidade do tratamento por via oral (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I).
    3. recomendada nas crianças e adolescentes com AA a SGA e alergia à penicilina é:
      1. na reação de hipersensibilidade não tipo 1: uma cefalosporina de 1ª geração como o cefadroxil (30 mg/kg/dia, 24/24 horas, via oral, máximo 1 grama/dia) (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I); ou, na indisponibilidade desta, cefalosporina de 2ª geração, como o cefuroxime-axetil (20-30 mg/kg/dia, 12/12 horas, via oral, máximo 1 grama/dia) ou o cefeprozil (15 a 30 mg/kg/dia, 12/12 horas, oral, máximo 2 grama/dia) (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I);
      2. na reação de hipersensibilidade tipo 1 (anafilaxia, broncospasmo, angioedema e urticária) (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação IIa):
        1. Claritromicina (15 mg/kg/dia, 12/12 horas, via oral, máximo 500 mg/dia); ou
        2. Eritromicina (50 mg/kg/dia, 6/6 ou 8/8 horas, via oral, máximo 2000 mg/dia); ou
        3. Azitromicina (12 mg/kg/dia, 24/24 horas, via oral, máximo 500 mg/dia); ou
        4. Clindamicina (20 mg/kg/dia 8/8 horas, via oral, máximo 1,8 grama/dia).
    4. Em idade pediátrica, a duração do tratamento antibiótico na AA por SGA é de 10 dias, exceto no tratamento com azitromicina que é de 5 dias (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I).
    5. O tratamento antibiótico não está indicado nas crianças portadoras crónicas de SGA assintomáticos com exceção das seguintes situações (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação III):
      1. surtos de FRA, GNPE ou doença invasiva por SGA;
      2. antecedentes pessoais ou história familiar de FRA ou GNPE;
      3. múltiplos episódios sintomáticos de faringite por SGA comprovada ocorrendo na mesma família apesar de terapêutica adequada;
      4. surto de AA por SGA numa comunidade fechada.
  11. Nas crianças e adolescentes assintomáticas após o tratamento, a realização do TDAR e/ou da cultura da orofaringe não são recomendadas por rotina (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação III).

  12. Exames de diagnóstico e tratamento empírico dos coabitantes assintomáticos dos doentes com AA por SGA, em idade pediátrica, não estão recomendados (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação III).

  13. O algoritmo clínico/árvore de decisão referente à presente Norma encontra-se em Anexo I.

  14. As exceções à presente Norma são fundamentadas clinicamente, com registo no processo clínico.

  15. A atual versão da presente Norma poderá ser atualizada de acordo com os comentários recebidos durante a discussão pública.

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