Crianças com Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) suspeita ou confirmada devem ser sempre referenciadas ao hospital, quando:
Deve-se considerar o internamento das crianças sempre que (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I):
O internamento, na ausência de complicações clínicas e se a família tem capacidade para a continuação de cuidados, apenas deve ser mantido enquanto a criança não apresenta capacidade para antibioterapia oral (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) .
Não há indicação para a realização de exames complementares de diagnóstico em crianças com PAC que não apresentem critérios de internamento (quadro 2 do anexo II) (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação IIa).
O ionograma e a função renal apenas estão indicados em situações de desidratação e se suspeita de secreção inapropriada de hormona antidiurética (SIHAD) (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação IIa).
Os exames microbiológicos não devem ser pedidos na PAC em idade pediátrica, com doença ligeira ou tratada em ambulatório (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação IIb).
Nas crianças a internar, antes de iniciar antibioterapia deve ser sempre efetuada hemocultura (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação IIb).
Sempre que existe gravidade a implicar tratamento em Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos (UCIP) ou na presença de complicações, é obrigatório requerer investigação microbiológica (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação IIb).
Na criança, sempre que for colhido líquido pleural, é obrigatório o envio para culturas, pesquisa de antigénios bacterianos e/ou identificação de agente etiológico por técnicas de biologia molecular (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação IIa).
O diagnóstico serológico (p. ex. de infeção a Mycoplasma pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae e vírus) não é recomendado por rotina nas crianças. Se efetuado são necessárias colheitas em fase aguda e de convalescença para tirar conclusões (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação IIa).
A deteção de antigénios capsulares na urina não deve ser efetuada na criança com menos de 5 anos de idade (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação IIb).
Em crianças com hipoxemia é obrigatória a oxigenoterapia para SpO2> 92% (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).
Na criança com PAC a cinesiterapia respiratória não está indicada e a manipulação da criança deve ser mínima (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação III).
Em idade pediátrica, se o tratamento antibiótico da PAC tiver sido iniciado por via endovenosa é obrigatória a passagem para a via oral, logo que o estado clínico do doente o permita (geralmente após 24 a 48 horas) (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I).
O antibiótico de primeira linha para tratamento de PAC é a amoxicilina, exceto quando haja forte suspeita inicial de Mycoplasma pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae ou outro gérmen específico e potencialmente mais agressivo (p. ex. Staphylococcus aureus) (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I).
Na suspeita de infeção por Mycoplasma pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae, o uso de macrólidos pode ser considerado em qualquer idade se não houver resposta à terapêutica empírica de 1ª linha, preconizada no ponto 15 da presente norma (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I).
Na criança com PAC, se os sintomas persistem e/ou não responde ao tratamento é obrigatória a sua reavaliação (Evidencia C, Grau de Recomendação I).
Nas crianças com PAC grave, empiema ou derrame pleural complicado ou abcesso pulmonar é obrigatório o seu seguimento até à recuperação clínica total e recuperação radiológica total ou quase total (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I).
Não há necessidade de controlo laboratorial em crianças previamente saudáveis e se houver boa evolução clínica (Nível de Evidência A, Grau de Recomendação I).
A radiografia de tórax só deve ser repetida se houver agravamento do quadro ou suspeita do aparecimento de complicações (Evidencia A, Grau de Recomendação I).
O algoritmo clínico/árvore de decisão referente à presente Norma encontra-se em Anexo.
As exceções à presente Norma são fundamentadas clinicamente, com registo no processo clínico.
A atual versão da presente Norma poderá ser atualizada de acordo com os comentários recebidos durante a discussão pública.