A implementação de profilaxia do TEV (trombo-embolismo venoso) deve reflectir o balanço entre risco de TEV versus o risco de hemorragia. Assim, antes da sua prescrição o doente deve ser avaliado quanto ao risco de TEV e Hemorrágico (ver Quadro I, III e IV). (Nível de Evidencia A, Grau de Recomendação I)
O risco de TEV é muito elevado na cirurgia ortopédica major (artroplastia da anca, artroplastia do joelho e cirurgia da fractura da extremidade proximal do fémur - FEPF). Por esse motivo, nestas situações, independentemente dos factores de risco do doente é recomendado efectuar profilaxia do TEV desde que não existam contra-indicações. (Nível de Evidencia A, Grau de Recomendação I)
Em todas as outras cirurgias ortopédicas, a decisão de efectuar ou não profilaxia deve ser baseada no risco inerente ao procedimento e aos factores de risco do doente. (Nível de Evidencia A, Grau de Recomendação I)
Em doentes submetidos a cirurgia ortopédica major ou outras cirurgias ortopédicas com indicação para efectuar profilaxia do TEV que tenham simultaneamente risco de hemorragia deve-se optar por métodos profilácticos mecânicos. Os métodos mecânicos são: os Meias elásticas, Compressão pneumática intermitente, e dispositivos de compressão intermitente dos pés. (Ver Quadro). (Nível de Evidencia B, Grau de Recomendação IIa)
Nos doentes sem risco hemorrágico utilizar preferencialmente a profilaxia farmacológica. (Nível de Evidencia A, Grau de Recomendação I)
As opções farmacológicas para a profilaxia da cirurgia electiva da artroplastia da anca e joelho são: heparina de baixo peso molecular (HBPM), fondaparinux, dabigatrano, rivaroxabano. (Nível de Evidencia A, Grau de Recomendação I)
As opções farmacológicas para a profilaxia do TEV em Cirurgia de FEPF são: HBPM e fondaparinux. (Nível de Evidencia A, Grau de Recomendação I)
Nos doentes com insuficiência renal grave ou terminal a HBPM deve ser substituída por heparina não fraccionada (HNF) e em dose adaptada.
Se for utilizada a HBPM na profilaxia do TEV em cirurgia major ortopédico esta pode ser iniciada antes ou depois da cirurgia, com excepção dos doentes com FEPF que não são operados nas primeiras 24h (Nestes deve ser iniciada na altura do internamento). Se iniciar antes da cirurgia a última dose deve estar distanciada da cirurgia de pelo menos 12h. Pode ser iniciada ou reiniciada 6-12h após a cirurgia. (Nível de Evidencia A, Grau de Recomendação I)
Os outros fármacos que não a HBPM só devem ser iniciados depois da cirurgia. (Nível de Evidencia A, Grau de Recomendação I)
Em doentes submetidos a cirurgia ortopédica major recomenda-se que a profilaxia seja efectuada pelo menos durante 10-14 dias mas idealmente durante 28-35 dias. (Nível de Evidencia A, Grau de Recomendação I)
Nas outras cirurgias Ortopédicas deve manter-se a profilaxia até que a mobilidade do doente deixe de estar significativamente comprometida (Nível de Evidencia B, Grau de Recomendação IIa)
Nos doentes com um traumatismo isolado do membro inferior e que necessitem de imobilização com aparelho gessado devem ser avaliados os factores de risco de TEV que o doente tem. Se o risco for elevado deve ponderar-se efectuar profilaxia com HBPM durante o período da imobilização. (Nível de Evidencia B, Grau de Recomendação IIa)
Recomendamos a utilização de inibidores da Vitamina K como método de prevenção prolongada para a cirurgia ortopédica major nos doentes em que previamente à cirurgia já a utilizam. (Nível de Evidencia A, Grau de Recomendação I)
O algoritmo clínico/árvore de decisão referente à presente Norma encontra-se em Anexo.
As excepções à presente Norma são fundamentadas clinicamente, com registo no processo clínico.
A atual versão da presente Norma poderá ser atualizada de acordo com os comentários recebidos durante a discussão pública.