A transfusão de CE está indicada em doentes com sintomas relacionados com diminuição da capacidade de transporte de oxigénio ou hipoxia tecidular causadas por diminuição da massa eritrocitária. (Nível de evidência B, Grau de recomendação I)
Na anemia crónica a única indicação para transfusão de CE é a anemia sintomática, devendo ser estabelecida a sua etiologia para a determinação do tratamento. O uso de ferro, ácido fólico, vitamina B12 ou de eritropoietina podem ter de ser considerados antes do recurso a terapêutica com CE. (Nível de evidência C, Grau de recomendação I)
Em doentes estáveis, recomenda-se uma estratégia restritiva em termos de transfusão de CE, mantendo valores de hemoglobina de 7 a 8 g/dl. (Nível de evidência A, Grau de recomendação I)
No doente com doença cardiovascular prévia e sem hemorragia activa é, também, recomendado uma estratégia transfusional restritiva, transfundindo CE mediante sintomas ou valores de Hb inferiores a 8 g/dl. (Nível de evidência B, Grau de recomendação II)
No doente a fazer radioterapia e que não possa ser tratado com eritropoietina, a transfusão de CE tem como objectivo manter valores de Hb perto dos 9g/dl. (Nível de evidência C, Grau de recomendação III)
No doente em quimioterapia recomenda-se que a decisão transfusional seja influenciada pela existência de sintomas associados à anemia e pelo valor de hemoglobina, mantendo a atitude restritiva, como no doente com anemia crónica. (Nível de evidência C, Grau de recomendação II)
Na anemia aguda - choque hipovolémico, devem ser implementadas linhas de orientação relativas à terapêutica transfusional em situações de hemorragia major e formalizadas em documento escrito, acessível aos intervenientes.
A transfusão de CE não pode ser usada com finalidade de repor a volemia e não deve ser o primeiro fluido a ser administrado na hemorragia aguda. (Nível de evidência A - Grau de recomendação I.)
Uma perda inferior a 15% da volémia, normalmente não produz sintomas (a não ser que haja anemia prévia) e não requer transfusão. (Nível de evidência B, Grau de recomendação I).
Na presença de uma hemorragia entre 15 e 30%, desenvolve-se taquicardia compensatória e, se houver doença cardíaca ou pulmonar concomitante ou anemia prévia, a transfusão de CEs pode estar indicada. (Nível de evidência B, Grau de recomendação I).
Com uma perda entre 30 a 40% da volemia a transfusão de CE é, provavelmente, necessária, apesar de que uma rápida reposição de volume com coloides e cristalóides pode ser tratamento suficiente em indivíduos saudáveis, sem comorbilidades. (Nível de evidência B, Grau de recomendação I).
Quando ocorre uma hemorragia superior a 40%, a transfusão de CE é mandatória. (Nível de evidência B, Grau de recomendação I).
Na hemorragia aguda, os doentes com valores de Hb superiores a 10 g/dl raramente necessitam de transfusão. Nível de evidência A - Grau de recomendação I.
Com hemorragia aguda e valores de Hb inferiores a 6 g/dl a transfusão de CE está sempre indicada. (Nível de evidência B, Grau de recomendação I).
Em cirurgia - A avaliação pré-operatória do doente para cirurgia deve incluir a avaliação de antecedentes hemorrágicos pessoais e familiares, a avaliação de valores analíticos (hemograma, estudo de hemostase) e história medicamentosa com particular atenção para a terapêutica antitrombótica/antiplaquetária. Esta avaliação tem a finalidade de identificar factores de risco para doença isquémica e factores de risco hemorrágicos, que possam condicionar a decisão sobre a terapêutica transfusional. Esta avaliação vai permitir diminuir a exposição do doente à transfusão alogénica. (Nível de evidência C, Grau de recomendação III)
No doente com valores de hemoglobina ≤a 9 g/dl no pré-operatório de uma cirurgia em que a perda estimada durante o ato operatório seja ≥ a 500 ml, deve ser considerado o adiamento da cirurgia e a realização de procedimentos que possibilitem uma melhoria dos valores de hemoglobina, caso tal seja clinicamente adequado. A necessidade de transfusão de CE em casos de intervenção cirúrgica urgente deve ser avaliada individualmente. (Nível de evidência C, Grau de recomendação III).
Durante um ato cirúrgico, quando o valor de hemoglobina é ≥ a 10 g/dl, a transfusão de CE não está indicada. (Nível de evidência B, Grau de recomendação I).
Doentes críticos - transfusões de CE quando o valor de Hb < 7 g/dl de forma a manter uma Hb de 7-9 g/dl. Esta indicação que pode ser generalizada para a maioria dos doentes críticos com a possível excepção dos doentes com síndrome isquémico coronário activo. (Nível de evidência A, Grau de recomendação I).
Nos regimes de hipertransfusão de doentes com beta-talassemia, o objectivo é transfundir para manter valores de hemoglobina pré-transfusional ≥ 9 g/dl. (Nível de evidência A, Grau de recomendação I).
As excepções à presente Norma são fundamentadas clinicamente, com registo no processo clínico.
A atual versão da presente Norma poderá ser atualizada de acordo com os comentários recebidos durante a discussão pública.