Norma nº 011/2013 atualizada a 18/07/2017
Abordagem da Transfusão Maciça no Adulto
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- Devem ser incluídos na abordagem da transfusão maciça (TM), todas as pessoas com hemorragia maciça (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C):
- Uma perda de sangue equivalente a 100% da volémia em 24 horas; ou
- 50% da volémia em 3 horas; ou
- Perdas sanguíneas a uma velocidade de 150 ml/minuto, no adulto.
- O médico (da área médica ou cirúrgica) ou alguém por si designado deve contactar o serviço de imuno-hemoterapia (SIH)/medicina transfusional (SMT), fornecendo toda a informação relevante disponível, de forma a desencadear o protocolo de TM e permitir a verificação da reserva de componentes sanguíneos e a organização adequada do trabalho (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C).
- O SIH/SMT tem de disponibilizar de imediato (até 15 minutos, após ativação do protocolo de TM), dois concentrados eritrocitário (CE) (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C).
- Perante o desconhecimento do grupo sanguíneo, o SIH/SMT tem de disponibilizar CE do grupo O e, se mulheres em idade fértil, ORh-. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C).
- Deve ser transfundido CE para estabilizar a hemoglobina em valores de 7-9g/dL (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C).
- Devem ser disponibilizados os restantes componentes, de acordo com testes de viscoelasticidade, ou na sua ausência, até completar o pack de 4CE+4PFC (plasma fresco congelado) +1CPP (concentrado de pool de plaquetas) (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência C).
- Deve estar disponível, logo que possível, sangue isogrupal submetido a testes pré-transfusionais (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C).
- Deve ser prescrito concentrado de fibrinogénio na presença de hemorragia significativa (Grau de Recomendação I, Nível de evidência C), numa dose inicial de 25-50mgKg-1(Grau de Recomendação II, Nível de Evidência C).
- No trauma grave, deve ser prescrito precocemente, preferencialmente nas primeiras 3 horas, antifibrinolíticos: ácido tranexâmico, 1 g endovenoso (E.V.) em 10 minutos, seguido de 1mg/kg/h, ou ácido -aminocapróico, 150mg/Kg, seguido de 15mg/Kg/h (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A).
- O suporte transfusional subsequente prescrito deve basear-se (Grau de Recomendação IIa (Nível de Evidência B):
- Na evolução clínica; e
- Nos resultados laboratoriais (hemoglobina, contagem de plaquetas, TP/INR, aPTT,
fibrinogénio e/ou testes de viscoelasticidade – ROTEM/TEG).
- Tendo como objetivo alcançar e manter PaO2> 60 mmHg e SaO2 superior a 90%:
- Deve ser prescrita a administração de oxigénio com vista a aumentar o fornecimento de oxigénio aos tecidos e diminuir a vasoconstrição pulmonar consequente ao estado de hipoxia, (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C);
- A monitorização, através da oximetria de pulso, deve ser efetuada.
- Deve ser prescrita a administração precocemente cristaloides e/ou coloides para restabelecer a normovolémia (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B).
- Devem ser considerados e registados os seguintes níveis críticos (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B):
- Temperatura <35ºC;
- PaO2<60mmHg;
- Sat. O2<90 mmHg;
- SVO2<65mmHg (vCS);
- pH < 7,2;
- BE > -6;
- Lactato >4 mmol/l;
- Cálcio ionizado inferior a 1,1 mmol/l;
- N.º plaquetas inferior a 50.000/ml;
- PT /INR> 1,5 x normal;
- aPTT> 1,5 x o normal; e
- Fibrinogénio < 1,5 g/l.
- Devem ser monitorizadas (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C) 3,7:
- Alterações eletrolíticas (potássio, cálcio ionizado e magnésio);
- Alterações ácido-base (bicarbonato de sódio se pH <7,20 e instabilidade hemodinâmica ou insuficiência renal);
- Hipotermia.
- Nas situações de alterações eletrolíticas (potássio, cálcio ionizado e magnésio) e de acordo com protocolo, deve ser efetuada prescrição para correção das respetivas alterações.
- Nas alterações ácido-base (bicarbonato de sódio se pH <7,20 e instabilidade hemodinâmica ou insuficiência renal) deve ser registada a intervenção, de acordo com protocolo.
- Nas situações de hipotermia e de acordo com protocolo, devem estar indicados:
- Aquecimento da sala/ambiente;
- Uso de cobertores térmicos;
- Aquecimento e humidificação dos gases quando submetido a ventilação mecânica; e
- Aquecimento de todos os fluídos e produtos sanguíneos administrados.
- A implementação do protocolo de Transfusão Maciça (TM) deve ser efetuada com registos de intervenção e resultados (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C) de acordo com sistema de informação contendo as variáveis da folha de registo e seguimento (Anexo II).
- Qualquer exceção à Norma é fundamentada clinicamente, com registo no processo clínico.
- Os algoritmos clínicos (ver pdf).
- O instrumento de auditoria clínica.
- O conteúdo da presente Norma foi validado cientificamente pela Comissão Científica para as Boas Práticas Clínicas e será atualizado sempre que a evidência científica assim o determine.
- O texto de apoio seguinte orienta e fundamenta a implementação da presente Norma.
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