Norma nº 023/2013
Carcinoma da mama – tratamento adjuvante
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- A decisão de tratamento sistémico adjuvante do cancro da mama é realizada em contexto de Consulta de Grupo Multidisciplinar, com o conhecimento de dados clínicos do doente, exames auxiliares de diagnóstico necessários ao estadiamento (quando indicados), e informação anátomo-patológica da peça cirúrgica (Nível de evidência 2a).
- A decisão final de execução do tratamento sistémico adjuvante do cancro da mama é realizada em contexto de Consulta de Grupo Multidisciplinar após discussão com o doente e respeitando as suas preferências, nomeadamente em relação a efeitos secundários e benefício relativo da terapêutica, e após assinatura de consentimento informado (Nível de evidência 5).
- O tratamento sistémico deve ser iniciado, idealmente, entre 2 a 6 semanas após a cirurgia (Nível de evidência 2a). O benefício do tratamento adjuvante iniciado mais de 12 semanas após o tratamento cirúrgico não está documentado. (Nível de evidência 2a).
- Para a instituição de terapêutica sistémica deve ser considerado o resultado da avaliação anatomopatológica de variáveis com impacto prognóstico e preditivas de resposta a fármacos (Nível de evidência 1a), nomeadamente:
- tamanho do tumor;
- presença e extensão do envolvimento ganglionar regional;
- tipo histológico do tumor;
- grau histológico;
- expressão de recetores hormonais;
- sobre-expressão/amplificação HER2
- expressão da proteína Ki67.
- Os doentes com expressão de receptores hormonais de estrogénio e/ou progesterona (≥ 1% na avaliação por imunohistoquímica) devem incluir, no tratamento adjuvante, hormonoterapia durante
um período de, pelo menos, 5 anos; esta terapêutica não está indicada em doentes com carcinoma da mama sem expressão de receptores de estrogénio ou progesterona (Nível de evidência 1a).
- É indicada quimioterapia adjuvante nos casos de carcinoma da mama com T≥ 1cm e qqN (isto é, com ou sem envolvimento ganglionar regional), que apresentem (Nível de evidência 1a), pelo menos, um dos seguintes critérios:
- ausência de expressão de receptores hormonais (de estrogénio e de progesterona);
- grau 3 histológico;
- elevado índice de proliferação;
- sobrexpressão/amplificação do HER2.
- É indicada quimioterapia adjuvante nos casos de carcinoma da mama T ≥ 0.5 cm e qqN (Nível de evidência 2a), quando:
- apresentarem sobre-expressão/amplificação do HER2; ou
- se incluídos no subtipo “triplo negativo” (sem expressão de receptores hormonais e sem sobreexpressão/amplificação HER2).
- É indicada quimioterapia adjuvante nos casos de carcinoma da mama com invasão ganglionar axilar igual ou superior a 4 gânglios (Nível de evidência 1a).
- A decisão de quimioterapia adjuvante em doentes com carcinoma da mama com invasão ganglionar axilar entre 1 a 3 gânglios, qqT (isto é, independente do tamanho do tumor mamário), deve ser
considerada em função dos restantes fatores que se possam associar ao risco de recidiva / mortalidade (Nível de evidência 1a).
- É indicado tratamento adjuvante anti-Her2 (com trastuzumab) nos casos de tumores com sobreexpressão ou amplificação do HER2, se T≥ 0.5cm e qqN, com 18 administrações de 3/3 semanas ou
esquema equivalente (Nível de evidência 1a).
- Os doentes com indicação para tratamentos adjuvantes de hormonoterapia e de quimioterapia iniciam a hormonoterapia sequencial à quimioterapia (Nível de evidência 2a); se indicação para trastuzumab este deve ter início, de preferência, concomitantemente com taxano ou concomitantemente com a hormonoterapia e sempre sequencialmente à antraciclina (Nível de evidência 1a).
- Nos doentes a realizar quimioterapia adjuvante por via endovenosa deve ser garantido acesso venoso seguro (Nível de evidência 5).
- O algoritmo clínico/árvore de decisão referente à presente Norma encontra-se em Anexo.
- As exceções à presente Norma são fundamentadas clinicamente, com registo no processo clínico.
- O conteúdo da presente Norma, após discussão pública e análise de comentários recebidos, poderá vir a ser alterado quando da avaliação científica do Departamento da Qualidade na Saúde e validação científica final da Comissão Científica para as Boas Práticas Clínicas.
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