Norma nº 013/2014 atualizada a 07/08/2015
Uso e Gestão de Luvas nas Unidades de Saúde
Voltar
- A avaliação do risco para decisão sobre o uso adequado e para seleção do tipo de luvas deve ser efetuada antes do procedimento a realizar, e inclui (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) 1-6:
a) A natureza da tarefa;
b) A probabilidade de contacto com fluidos corporais;
c) A necessidade (ou não) de isolamento de contacto;
d) A necessidade de técnica assética: luvas esterilizadas/não esterilizadas;
e) Ponderação de alergia ao latex (utente e profissional de saúde). - Nas indicações clínicas para o uso de luvas:
a) As luvas devem ser usadas quando se prevê contaminação com sangue ou outros fluidos orgânicos ou em contexto de medidas de barreira, no âmbito de isolamento de contacto, como forma de diminuir a contaminação das mãos por microrganismos relevantes em termos epidemiológicos (Nível de Evidência B e C, Grau de Recomendação II) (Anexo I) 1-6;
b) Devem ser usados dois pares de luvas com sistema de indicação de perfuração, em situação de risco particularmente elevado (ex: procedimentos cirúrgicos ortopédicos, urológicos, ginecológicos) (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) 5,21;
c) Devem ser usadas luvas de punho alto para cobrir o antebraço, em determinadas situações em que a exposição a fluidos corporais ou sangue é provável (ex: partos) de acordo com a avaliação do risco (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I)5.
d) As luvas de uso único não esterilizadas (ex: nitrilo –EN 420, EN 388, EN 374-2 e EN 374-3) devem ser usadas nas seguintes situações (Anexo I), não se cingindo a (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) 25:
i. Exposição direta ao utente (exemplos):
(i). Contacto com sangue,
(ii). Contacto com membranas mucosas e com pele não íntegra;
(iii). Possível presença de microrganismos infeciosos;
(iv). Situações de emergência ou epidemia;
(v). Colocação e remoção de acessos venosos periféricos;
(vi). Remoção de linha arterial;
(vii). Limpeza e desinfeção de derrames e salpicos de sangue;
(viii). Exame pélvico ou vaginal;
(ix). Higiene oral;
(x). Higiene perineal.
ii. Exposição indireta ao utente (exemplos):
(i). Esvaziamento de recipientes de fluidos orgânicos;
(ii). Manipulação/limpeza de instrumentos;
(iii). Manipulação de antisséticos (biocida tipo 1) e desinfetantes (biocida tipo 2);
(iv). Manipulação de resíduos;
(v). Limpeza de fluidos corporais.
e) Devem ser utilizadas as luvas de polietileno (plástico “tipo palhaço”) esterilizadas de uso único em:
i. Aspiração de secreções endotraqueais e oro/nasotraqueais;
ii. Contactos superficiais, de curta duração, não envolvendo líquidos.
f) As luvas cirúrgicas esterilizadas de uso único (sem pó, com e sem latex, salvaguardando história de alergia do profissional de saúde e do utente) devem ser usadas em (Anexo I), não se cingindo a (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I)25:
ii. Procedimentos cirúrgicos;
iii. Procedimentos radiológicos invasivos;
iv. Parto vaginal;
v. Exame vaginal em obstetrícia se houver rotura de bolsa;
vi. Procedimentos radiológicos invasivos;
vii. Colocação de acessos/drenagens de fluidos corporais (toracentese, paracentese, drenagem supra púbica, nefrostomias, outras);
viii. Colocação de dispositivo intravascular central;
ix. Punção para colheita de fluidos orgânicos para estudo (líquido cefalorraquidiano, líquido sinovial, hemoculturas, outros);
x. Punção lombar e abdominal.
g) Devem ser usadas luvas esterilizadas de uso único (ex: luvas de nitrilo – EN 420, EN 388, EN 374-2 e EN 374-3) em:
i. Preparação de fármacos citostáticos;
ii. Preparação de nutrição parentérica.
h) Devem ser usadas luvas cirúrgicas esterilizadas de uso único, específicas para microcirurgia (sem pó, com e sem latex, salvaguardando história de alergia do profissional de saúde e do utente) 25.
i) Não devem ser usadas luvas, quando não há previsão de exposição a sangue ou outros fluidos orgânicos, exceto se utente sem Precauções de Contacto, em (Anexo II) (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) 25:
i. Exposição direta ao utente (exemplos):
(i). Avaliação da pressão arterial, temperatura e pulso;
(ii). Administração de vacinas e outros injetáveis (vias subcutânea ou intramuscular);
(iii). Cuidados de higiene (usar manápula de celulose forrada), conforto e de apoio ao utente;
(iv). Auscultação e palpação do utente.
ii. Exposição indireta ao utente (exemplos):
(i). Administração de medicamentos via oral;
(ii). Distribuição e recolha de tabuleiros de refeição;
(iii). Remoção e mudança de roupa de cama;
(iv). Colocação de aparelhos de ventilação não invasiva e cânulas de oxigénio;
(v). Transporte de utentes. - Na colocação de luvas (Anexo II), os profissionais de saúde devem (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I):
a) Higienizar as mãos antes de colocar as luvas 22,23,24,25,26;
b) Colocar as luvas imediatamente antes do contacto/procedimento para não contaminar as luvas antes do procedimento 22,23,24,25,26;
c) Conjuntamente com outros equipamentos de proteção individual (EPI) devem as luvas serem colocadas em último lugar 22,23,24,25,26;
d) Trocar de luvas em procedimentos diferentes, no mesmo utente (quando aplicável) 22,23, 24, 25,26;
e) Evitar contaminar os materiais e o ambiente à volta do utente, não tocando nestes, com as luvas usadas 22,23,24,25,26. - Na substituição/mudança/remoção de luvas (Anexo II), os profissionais de saúde devem:
a) Trocar as luvas entre utentes e quando danificadas (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) 2,7,14-17,22,23;
b) Trocar as luvas entre procedimentos num mesmo utente, sempre que seja necessário prevenir a contaminação de uma zona mais suscetível (ex: mudança de fralda e posterior manipulação da sonda gástrica) (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação II) 18-20,22,23;
c) Retirar as luvas imediatamente após terminar a tarefa ou o procedimento para o qual foram usadas, não devendo ser usadas para escrever ou tocar em qualquer superfície limpa ou outras pessoas, (incluindo o próprio) (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) 2,7,14-17,22,23,24;
d) Conjuntamente com outros EPI, devem as luvas ser removidas em primeiro lugar 22,23,24,25,26;
e) Higienizar as mãos imediatamente após retirar e inutilizar as luvas, uma vez que o uso de luvas não substitui este procedimento (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) 2,14,15,19,20,22,23,24. - Na unidade de saúde, através dos responsáveis dos vários níveis de gestão (médicos, enfermeiros gestores e administradores hospitalares) e relativamente à gestão do uso de luvas (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação II) 25,26:
a) A presente Norma deve estar acessível a todos os profissionais de saúde, no seu ambiente de trabalho;
b) O serviço de aprovisionamento deve solicitar apoio do Grupo de Coordenação Local (GCL-PPCIRA) e da Comissão da Qualidade e Segurança, através do gabinete de segurança/gestão de risco para a seleção de luvas de uso clínico;
c) O serviço de aprovisionamento deve solicitar apoio ao serviço de higiene, saúde e segurança (SSHST) no trabalho para a seleção de luvas alternativas para os profissionais de saúde com alergia ao latex;
d) Deve ser realizada formação em serviço e treino com carácter obrigatório sobre o uso de luvas, a todos os grupos profissionais, no período de integração e atualizada, anualmente;
e) Devem estar disponíveis aos profissionais de saúde para consulta, as fichas de produto e as instruções dos fabricantes, uma vez que certos produtos utilizados, tais como cremes para as mãos, solventes como acetona, podem danificar o material das luvas (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) 12-13;
f) É proibido o reprocessamento de luvas de uso único;
g) Para que proporcionem proteção adequada dos profissionais de saúde e dos utentes, de acordo com o risco associado ao procedimento a efetuar, as luvas utilizadas devem (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação II) (Anexo I) 22,23:
i. Cumprir as normas e diretivas europeias e articulado legal nacional quanto às suas características e fins a que se destinam:
(i) Luvas de nitrilo esterilizadas e não esterilizadas (EN 388, EN 375, EN 374-3, EN 420);
(ii) Luvas cirúrgicas esterilizadas, sem pó e preferencialmente sem latex (mas podem ser de latex);
(iii)Luvas cirúrgicas esterilizadas, para microcirurgias, preferencialmente sem pó, com e sem látex.
ii. Não conter pó, devido aos riscos associados à sua aerossolização 22,23;
iii. Estar devidamente assinaladas a situações em que se utilizam luvas esterilizadas sem pé e com latex, devido ao aumento do risco de alergia ao látex;
iv. Estar disponíveis junto ao local de utilização;
v. Estar acondicionadas num local limpo e seco, de modo a prevenir a sua contaminação, cumprindo os prazos de validade. - Os profissionais de saúde devem comunicar ao superior hierárquico nas seguintes situações (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação II) 22,23:
a) Falhas na armazenagem (stock) de luvas;
b) Deficiências detetadas nas luvas, nomeadamente, ruturas, rasgões, entre outras;
c) Outros obstáculos que possam dificultar ou pôr em causa o cumprimento do uso adequado de luvas. - Na limpeza ambiental das superfícies da unidade do utente devem se utilizadas luvas de nitrilo de uso único ou de borracha (luva de ménage ou de uso doméstico). Só devem ser usadas as
luvas de borracha nas unidades de saúde, se houver um local seguro para higienizar as luvas e as manter limpas e secas. - Na manipulação de alimentos, devem ser usadas luvas de polietileno (plástico, “tipo palhaço”).
- Qualquer exceção à Norma é fundamentada clinicamente, com registo no processo clínico.
- Os algoritmos clínicos (ver pdf)
- A presente Norma, atualizada com os contributos científicos recebidos durante a discussão pública, revoga a versão de 31/12/2013 e será atualizada sempre que a evolução da evidência científica assim o determine.
Voltar