Norma nº 011/2018
Gestão do sangue do doente; Patient Blood Management (PBM) em cirurgia eletiva
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As instituições hospitalares devem constituir uma estrutura organizacional – Comissão Transfusional ou Grupo de Patient Blood Management (PBM) – que implemente, na cirurgia eletiva, um programa de gestão do sangue do doente (PBM).
A implementação de um programa de PBM deve ser planeado e coordenado a nível institucional adaptado às necessidades individuais de cada doente e deve incluir, preferencialmente, os seguintes profissionais de saúde: médicos imunohemoterapeutas, cirurgiões, anestesiologistas e intensivistas.
Esta estrutura organizacional, nomeada pelo Conselho de Administração, deve:
- Promover a formação do corpo clínico, de enfermagem e administrativo com recurso a material pedagógico e informativo sobre gestão do sangue do doente (PBM).
- Promover a sensibilização dos doentes com material informativo sobre gestão do sangue do doente (PBM).
- Promover boas práticas no âmbito da gestão do sangue do doente (PBM) através da:
- Otimização da hematopoiese no
- Pré-operatório
a. Deteção e tratamento da anemia e da deficiência de ferro, incluindo o tratamento das causas subjacentes;
b. Otimização da hemoglobina.
- Intra -operatório
a. Otimização hematológica durante a cirurgia.
- Pós-operatório
a. Tratamento da anemia e da deficiência em ferro;
b. Estimulação da eritropoiese;
c. Gestão da medicação e de potenciais interações.
- Minimização da Hemorragia no
- Pré-operatório
a. Avaliação do risco hemorrágico
b. Identificação, deteção e tratamento da hemorragia ou risco da hemorragia;
c. Minimização da perda iatrogénica de sangue.
- Intra -operatório
a. Técnicas de hemostase em cirurgia e anestesia;
b. Procedimentos para poupança do sangue (estratégias anestésicas conservadoras de sangue);
c. Correção da coagulopatia;
d. Posicionamento e temperatura do doente;
e. Agentes farmacológicos/hemostáticos.
- Pós-operatório
a. Monitorização e gestão da hemorragia pós-operatória;
b. Manutenção da temperatura do doente;
c. Minimização da perda iatrogénica de sangue;
d. Gestão da coagulação e hemostase;
e. Evicção e tratamento correto e precoce das infeções;
f. Controlo de interações e efeitos adversos da medicação.
- Gestão da tolerância à anemia no
- Pré-operatório
a. Avaliação e otimização das reservas fisiológicas do doente e fatores de risco;
b. Estimativa da tolerância às perdas sanguíneas;
c. Estratégias restritivas de transfusão;
d. Otimização da função cardiopulmonar.
- Intra – operatório
a. Otimização da função cardiopulmonar;
b. Otimização da ventilação e oxigenação;
c. Estratégias restritivas de transfusão.
- Pós-operatório
a. Maximizar o fornecimento e minimizar o consumo de oxigénio;
b. Evicção e tratamento correto e precoce das infeções;
c. Tratamento da anemia e otimização da sua tolerância;
d. Estratégias restritivas de transfusão.
- Monitorizar os seguintes parâmetros de avaliação da gestão do sangue do doente na cirurgia eletiva:
- Avaliação do consumo de componentes sanguíneos, de acordo com o relatório anual do IPST;
- Razão de unidades de CE compatibilizadas versus unidades de CE transfundidas;
- Avaliação de hemoglobina e reservas de ferro no pré e no pós-operatório;
- Avaliação de hemoglobina pré-transfusional;
- Aplicação de política de transfusão de apenas 1 unidade, com avaliação do respetivo rendimento transfusional;
- Avaliação da deficiência de ferro (Ferro sérico, Ferritina, Transferrina) pós-operatória e respetiva correção;
- Avaliação da hemoglobina na data da alta hospitalar.
- Assegurar o cumprimento de:
- Norma nº 038/2012 de 30/12/2012 sobre “Utilização Clínica do Concentrado Eritrocitário”;
- Norma nº 011/2013 de 30/07/2013, atualizada a 18/07/2017, sobre “Abordagem da Transfusão Maciça no Adulto”;
- Norma nº 030/2013 de 31/12/2013, atualizada a 09/04/2015, sobre “Abordagem, Diagnóstico e Tratamento da Ferropénia no Adulto”;
- Norma nº 010/2012 de 16/12/2012 sobre “Utilização Clinica dos Concentrados Plaquetários no Adulto”;
- Norma nº 009/2012 DGS de 16/12/2012, atualizada a 02/12/2015, sobre “Utilização Clínica de Plasma no Adulto”.
- Auditar internamente os processos de gestão do sangue, de forma a garantir a que:
- As cirurgias eletivas são agendadas por forma a permitir a otimização dos parâmetros hematológicos;
- A avaliação das reservas de ferro do doente proposto para cirurgia eletiva é realizada, observando o princípio de minimização de exames analíticos, de modo a evitar espoliação iatrogénica;
- Os doentes propostos para cirurgia eletiva, com eventual necessidade de sangue, tenham registo do valor da hemoglobina pré-operatória e pós-operatória no processo clínico.
Qualquer exceção à presente Norma deve ser fundamentada clinicamente, com registo no processo clínico.
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